20 setembro, 2004

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
me parece, ou me forço um pouco para que pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegado a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre , sempre, sempre
Esta angústia execessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Álvaro de Campos

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